terça-feira, 15 de maio de 2007


Tenho uma pandora que se chama Movimento. Ela está sempre fechada, em silêncio. Eu, insistente, abro. Aquela mesma música não me cansa porque muda. É a mesma, mas muda. Toda vez que ouço estou diferente, estou eu, mudada também mas sem ser a mesma.

Dentro da pandora Movimento tem uma bailarina que dança ao som daquela velha-nova música. A bailarina, vestida de vermelho - não de branco - se chama Luta. Quando a pandora é aberta, é tocada por mãos incessantemente a procura de ver e ouvir o Movimento, liberta a Luta para sua dança triunfal, sua exibição mais perfeita.

Pandoras são nostálgicas. Hoje em dia, não se dão mais de presente estas caixinhas de música que podem ter a forma de um piano ou de um pequeno baú. O Movimento é algo que se fazia no passado, mas que se for tocado, ainda funciona, continua.

Minha Pandora é infindável. A Luta, por vezes adormece num silêncio insuportável, as vezes necessário. A Luta revive se eu a procuro, se eu a resgato e se eu, principalmente eu, me reencanto com sua bela desenvoltura, vestida de vermelho.

Que nossas mãos abram a Pandora Movimento, que nossos olhos vejam a Bailarina Luta e que nossos ouvidos ouçam aquela música renitente que se chama Revolução.

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