terça-feira, 10 de junho de 2008

Repentino

por Lari e Léo.

de repente, a gente percebe o sopro que é a vida.
de repente, sem planejar, a gente dá uma volta entre os mortos e pensa na hiatória guardade em cada palmo debaixo da terra.
de repente, "eu me vi com medo de viver comigo apenas e com o mundo".
de repente, eu te amo um pouco mais.
de repente a gente percebe que somos feitos de sonhos.
e repente o acaso nos apresenta os deletérios.de repente somos apenas o repente.
de repente somos um corpo, afinal, recheio de gente.
de repente, em cada extremidade, um dedo.
de repente, utilizamos para tocar, e lembrar que precisamos sentir.
de repente é amor, então, sintamos ainda mais.
de repente, água ardente pra curar a dor,
de repente, água ardente pra esquentar o amor.
de repente, somos eu e você.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Produtividade ociosa

O ócio produtivo me consome o masso de cigarros,
A fumaça é como a vazão das coisas
E eu penso tanto quanto o tanto que não faço.
Este é um ócio perturbador
e perigoso.
Arrependo-me e me agrido,
Nestas horas de pensar e tragar.
Acrescento-me do que ainda não fiz,
mas que por isso, ainda se salva:
há o que fazer.
A primeira luta travada
Derrama dentro de mim, o sangue,
Esvai-se em palavras hemorrágicas e vermelhas.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Noturna

Que besteira achar que posso enfeitar-te
com poesia.
Já és tu, um pequeno adorno no dia,
de rimas mal acabadas,
que é descompassada a tal alegria.
Me interrompes agora,
com melindres sonolentos,
me irrompe pela manhã
com digna euforia.
Para o menino dos olhos, João Felipe.

Matutina

Esses pássaros da manhã,
de disposição invejável,
estão aqui, como não estão
e cantam.
Fazem uma doce ronda,
em volta das casas e das árvores
e numa manhã destas,
despertam a poesia.
E não calam,
não calam.

Concepção

Vivo absolutamente tudo que me é apresentado.
O que é de sofrer,
sem dó nem piedade,
o que é de gozar,
sem medo e pudor.

Diariamente

Há dias em que sou de luta,
outros, de poesia.
Quando sou dos dois,
me sinto indestrutível.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Quente

E eu ainda me impressiono com a paixão.
Ela é que até pode ter se acostumado comigo,
mas eu não me nego,
me atiro.
Refresco pra mim é lava de vulcão,
com paixão, ou se deixa lambuzar ou nem lambe.
A razão eu deixo para as convenções de
nascer,
crescer,
reproduzir,
morrer.

Estou aqui é para o repouso do que quer arder.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Frustração

Desde sempre a incoerência.
O que pouco se mostra é o que vejo,
em tarde de sol esqueci-me as cortinas fechadas,
em dias de chuva saí de sandálias.
Do avesso ao vício, só os da mesma estirpe notam minhas virtudes mutantes.
Sonhei com piqueniques no parque
e afeto no café da manhã.
A hipocrisia me faz correta,
o correto faz que eu me traia
e a sensatez me deixa um tanto infeliz.

Estrada

Essa coisa de ausência
de tchau, de boa sorte,
essa estrada,
que longa ou não, assombra e desampara.
Esse vaidoso destino,
é diferente pra cada um na sua malandragem.
Ausência é coisa que não se faz.
Saudade é coisa que não se dá.
Esse hábito,
esse vício,
essa gente que me gruda e que me deixa,
que eu deixo.
Abstinência do me é alívio,
falta do que me alimenta sem engordar.
Há afeto e distância,
há rotina e estrada.