quarta-feira, 7 de abril de 2010

Relicário

Tenho lido Martha Medeiros. Hoje mesmo tomei a ilustre atitude de ouvir Jimi Hendrix depois que vi um filme sobre a vida dele na minha TV por assinatura. Sim! Eu tenho uma TV por assinatura não tem nenhum mês e ainda estou descobrindo as maravilhas disso. Resolvi também ler algumas matérias de capa da Rolling Stone, coincidentemente a última sobre Hendrix e uma anterior, do Pedro BBBial. Neste exato momento, ainda aqui na redação da emissora, Cássia Eller canta 1º de Julho ao pé do ouvido.
A verdade é que tenho resgatado sutilmente algumas delícias juvenis, algumas inéditas, algumas esquecidas como essa, por exemplo, de escrever sem um bel motivo... Apenas um blábláblá pseudo-sei-lá-o-quê.
Na minha adolescência de Ensino Médio, para mim eterno Segundo Grau – porque eu sempre sonhei em chegar ao segundo grau e não ao ensino médio – eu ouvia muito o CD Acústico MTV da Cássia Eller com um esquisito pudor de apreciá-la sabendo que ela era lésbica. É, lésbica. Anos mais tarde me veio a revelação de tal esquisitice, como se o CD – aquele – fosse tal qual uma psicografia dela para mim.
Tem tanta coisa que a gente vai perdendo pelo caminho que tenho medo de não lembrar de coisas muito mais deliciosas que estas, que me aparecem na parte frontal da cabeça agora.

Até...nos vemos por aí.

Chegamos ao ponto em que quase não há como juntar os pedaços, reparar os danos, reconstruir o vaso ou limpar o leite derramado.
Nos enfrentamos como quem joga, luta ou faz qualquer coisa que nada tem a ver com amor. Tem a ver com um tipo de individualismo, um egoísmo que não cabe numa vida a dois, a duas...
Você quer a sua casa, sua cama, suas coisas. Eu quero você na minha casa, na minha cama, nas nossas coisas. Estamos em patamares de idéias e desejos diferentes. Você quer namorinho de portão, eu quero "viveram felizes para sempre".
Não sei se é o fim. Se é, é mentira aquela história de que tudo acaba bem no final. Não estou bem, você não deve estar. O fato é que esgotaram-se as possibilidades de negociação porque as coisas são diferentes do que eu pensava que eram. Se fosse como eu pensava que eram, seria mais fácil mostrar a você que tudo poderia ficar bem para todo mundo. Mas sendo como realmente é, você é a única pessoa que não ficará bem se for convencida ou obrigada, como prefira chamar.
Não sou do tipo que acredita que se possa tomar posse de uma pessoa, mas sou do tipo que acredita que dois podem ser um só, numa só vida, e que seja boa, que seja feliz, que seja confortável.
Sonhei sempre com o calorzinho de alguém que dorme do lado, com a sensação de significar alguma coisa no mundo porque quando acordar vai estar com alguém ali. Poxa! Era tão bonito sair cedinho e saber que lá naquela vidinha gostosa você ainda ficava, que era pra ali, que era pra você que eu tinha que voltar. O mais dolorido agora? Não...talvez nem seja não ter mais isso, mas é pensar que eu tive certeza que aquilo era o que você também queria...por enquanto para sempre.
Quando uma pessoa nos engana, dói. Quando a gente mesmo se engana, destrói.
Preciso avisar você que eu estou tão perdida quanto um cego pode ficar em um tiroteio. Sei que vem chumbo grosso e que vou me machucar, mas não sei de que lado nem em que momento vem o tiro, a bala, a morte.
Mais uma vez eu deixo claro: não sei se é o fim, mas se for, é mentira que sempre dá certo no final.
Você foi boa vidente, e nem é difícil ser com alguém tão previsível quanto eu, sobre como seria hoje, quando eu acordasse. Realmente, o que falei ontem era pra magoar você, pra perfurar o seu peito como estava estraçalhado o meu e hoje penso que foi desnecessário, até porque não resolveu nada e porque sei que quem dá o tapa esquece, mas quem leva, não esquece nunca. No entanto, contudo, entretanto... neste exato momento, às 7h32 da manhã eu voltaria atrás em tudo o que falei. Diria que aceito, que não desisto de você. Mas duas coisas podem impedir qualquer coisa: a primeira é que pode ser tarde demais, você pode ter tomado a decisão certa pra você. A segunda é que ou hoje à noite, ou amanhã, ou no domingo à noite aconteça tudo de novo. Porque não! Não consigo aceitar que você aceite e até queira, quem sabe prefira que seja do jeito que está.
Acho que chegou minha vez de dar lado a alguma outra pessoa na sua vida. Alguém com menos pretensões, alguém menos intenso. Precisa de alguém que aceite o “de vez em quando”, o “não todo dia”, a incerteza de como vai ser a noite, a incerteza do que você quer de verdade e a certeza de que o que você não quer é um “pra sempre juntos”.
Mas bem, se a vida pode valer alguma coisa ainda, que vivamos. É! Que sejamos vivas, alegres e livres como jamais deveríamos ter deixado de ser e esse erro, eu sei e confesso: foi meu.