segunda-feira, 28 de maio de 2007

Deixemos de lado a anestesia






Já dizia Raul, “é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro, evita o aperto de mão de um possível aliado. Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo...”.
Toda a mudança é bem vinda para uns, mal vinda para os outros. Na história, do Brasil e do mundo o embate entre os ativistas e os anestesiados pelo sistema chancelou uma série de rótulos para um grupo e outro. Quem quer mudança, quer baderna. Revolucionários são utópicos e não pensam conforme a realidade. A realidade, neste caso é: a maioria não está nem aí, cada um faz por si, o dinheiro manda em tudo e pronto. Os conservadores e os apáticos rezam a cartilha da moral, do fazer “o certo”, do dançar conforme a música e a música, neste caso é ganhar o seu salário e o que mais conseguir, seja com honestidade ou não.
Há neste engôdo uma parcela absurda daqueles que vivem suas vidas sem saber quantas voltas o mundo dá a sua volta. Transitam por aí como zumbis. Estes são geralmente os que optam por isso ou os que estão a margem da informação e da formação crítica. São vilões e vítimas de uma educação engessada que funciona apenas por funcionar, de políticos viciados em votos comprados econômicamoralmente, de uma economia sufocada pelo capitalismo e a corrida pelo lucro de poucos e por uma comunicação ao estilo Rede Globo. Todos abençoados por uma religião que cega com a ditadura do pecado, do temor à deus e da santidade daqueles que não desgarram.
Falar de política aos 21 anos com avidez por mudança, isso é coisa de sonhadores. Abdicar de costumes fadados ao capitalismo é pura bobeira. Esperar que o anestesiado desperte é inocência. Fica mais fácil olhar pra si e abrir mão da luta. Olhar para a maioria e culpa-la pela ignorância, sobrecarregá-la: “Eu desisto, não adianta, ninguém vai mudar”. É reconfortante esquecer-se da própria fraqueza em prol da fraqueza da massa.
Eu não aceito que, aqueles que estão no mesmo lugar que eu, ocupando uma vaga no planeta permaneça no sono profundo da apatia. Prefiro os rótulos, prefiro a chacota, prefiro sentir o descaso do que não provoca-lo. Prefiro deixar de convencer as paredes do quarto para apertar a mão de um companheiro de luta.
Prefiro tentar a mudança.

2 comentários:

Martica disse...

Liberdade! Sempre!

Leonardo Silveira Handa disse...

Os últimos posts seus estão fazendo reacender algo em mim. Eu já tinha demonstrado certo conformismo, afinal, é verdade que quando a idade vem chegando a chama vai se apagando. Mas eu penso que estou completamente errado. Acredito que está na hora de deixar o artificial de lado e unir, agora, a poesia com o inconformismo. Vamos torcer e lutar por outros verões...